segunda-feira, 16 de junho de 2008

Reflexões

O Germe do Teatro e o Palhaço.

Aos 15 anos fiz minha primeira inserção no teatro. Foi no ensino fundamental, mas precisamente na 8º série. Tínhamos que preparar uma breve encenação para a aula de educação artística. Não me recordo mais qual era o tema, mas ficou em mim a primeira mordida deste germe.

Continuei no teatro quando passei para o ensino médio e não parei mais. Foram três anos de escola, três espetáculos por ano. Na mesma época, nos juntamos, alguns alunos, e decidimos montar um grupo fora da escola. Começamos a estudar, adquirindo livros, vendo teatro, e realizando encenações de espetáculos que nos mesmos escrevíamos. Depois deste primeiro grupo vieram outros grupos e montagens. E cada vez mais era absorvido por esse caminho e a cada passo que dava em sua direção descobria um pouco mais desta arte.

Vi meu primeiro palhaço aos 26 anos, e fiquei fascinado por aquela criatura grotesca , maravilhosamente linda, que “fazia” e “desfazia” na frente de um público que se perdia em risos. Decidi então que queria ser como ele, que sozinho em cena parecia ter a força de um grande elenco de atores. Era permitido a ele a comédia e também a tragédia. Um ator completo! Não sabia o que me aguardava.

Meu palhaço nasceu em 1998, quando principiei em minha primeira oficina. Descobri então que não se tratava apenas de ser ator, que por trás daquela mascara algo se revelava. Que ser palhaço é ser palhaço!

Depois deste primeiro mergulho na arte da palhaçaria, ficou em mim a pergunta: o que fazer? E convidado a participar de um projeto de intervenções urbanas, circulava de palhaço pelos vagões do metro, conversando e brincando com os passageiros, ouvindo histórias e construindo meu caminho na arte. As pessoas se divertiam e eu aprendia como meu palhaço se apresentava a um público.

Descobri a rua. Me arrumava e saia a rua com meu palhaço. No início um grande medo. Não havia um projeto que justificasse, era apenas eu, a rua e as pessoas. Comecei fazendo um percurso perto de casa. O primeiro dia foi fantástico! Lá estava eu sozinho circulando pela comunidade. No caminho havia uma feira livre e em cada barraca que passava e parava novas histórias, piadas e amizades aconteciam. Passei dois anos passeando sempre no mesmo dia da semana. E cada dia percebia um pouco mais o “sentido cômico” no contato com as pessoas. Guardo pra mim boas lembranças destas saídas.

Agora que monto este primeiro trabalho solo é a estas experiências que recorro. Recordando cada frase proferida ou ouvida na rua, dita por tantos amigos que meu palhaço ganhou nestes anos de caminhada. Sempre na busca de revelar os mais íntimos e recônditos cantos da natureza humana. Este contato direto com as pessoas me permitiu compreender alguns lugares do ridículo em mim.

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